É uma grande alegria poder falar com você sobre vocação, um tema fundamental para a Igreja. Anualmente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), através da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada (CEMOVIC), nos oferece um mês inteiro para refletirmos sobre as vocações, motivados por um tema e um lema. Neste mês de agosto, no contexto do ano santo da oração, que nos prepara para o grande Jubileu da Esperança em 2025, somos convidados a rezar em uma única sinfonia a perícope bíblica: “Pedi ao Senhor da Messe que envie operários para a sua Messe” (Mt 9, 38).

A escolha do tema tem suas raízes nos ensinamentos do Papa Francisco ao longo dos anos, especialmente em sua mensagem para o 60º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. O Papa afirma: “Na Igreja, somos todos servos e servas, seguindo diversas vocações, carismas e ministérios. A vocação ao dom de si próprio no amor, comum a todos, desenvolve-se e concretiza-se na vida dos cristãos leigos e leigas, empenhados em construir a família como uma pequena igreja doméstica e em renovar os diversos ambientes da sociedade com o fermento do Evangelho; no testemunho das consagradas e consagrados, entregues totalmente a Deus pelos irmãos e irmãs como profecia do Reino de Deus; e nos ministros ordenados (diáconos, presbíteros, bispos), colocados ao serviço da Palavra, da oração e da comunhão do Povo santo de Deus. Só na relação com todas as outras é que cada vocação específica na Igreja se revela plenamente, com a sua própria verdade e riqueza. Neste sentido, a Igreja é uma sinfonia vocacional, com todas as vocações unidas e distintas em harmonia, e juntas, em saída, para irradiar no mundo a vida nova do Reino de Deus”.

O Papa recorda que o Batismo é a origem genuína de toda vocação, através do qual somos todos iguais no chamado comum à santidade. É a partir deste sacramento que a orquestra harmoniosa da vida começa a se formar na Igreja, quando cada homem e mulher responde ao chamado de Deus. Cada vocação específica, cada grupo, pastoral e movimento diverge em seu estado de vida e em seu modo de evangelizar, mas todos na Igreja tocam a mesma nota da canção em profunda harmonia, levando Cristo a muitos corações.

A Família de Murialdo incorpora em sua essência esse sentido eclesiológico que o mês vocacional nos convida a refletir. São Leonardo Murialdo desejou não apenas a fundação da Congregação de São José, mas também a formação de uma família alargada para corresponder e propagar o carisma que o Espírito Santo suscitou em seu coração como fundador. Nestes 150 anos, com a assistência do Espírito Santo, o Senhor nos deu os Josefinos de Murialdo, as Irmãs Murialdinas de São José, os Leigos e Leigas, o Instituto Secular e as Mães Apostólicas, que compartilham, em uma única sinfonia, o mesmo ardor carismático numa comunhão de vocações. A Família de Murialdo não é uma propriedade nossa, mas um dom que nos foi concedido graças ao sim de Murialdo, que soube escutar e discernir a voz do Senhor, respondendo ao carisma que lhe foi dado gratuitamente para o bem e o serviço à Igreja. Este carisma, que recebemos por meio de Murialdo, não deve ser confinado a estruturas institucionais, mas propagado de forma sempre nova, como a grande novidade do Espírito Santo, no seguimento de Jesus. Devemos fazer isso através do nosso testemunho de vida e estar atentos aos sinais dos tempos, principalmente nos lugares onde estamos presentes. Na vida e na missão da Igreja, sob a regência do Espírito Santo, tocamos e cantamos a sinfonia do “Amor Misericordioso de Deus”, que ecoa como uma melodia no coração das crianças, adolescentes e jovens, nas paróquias, obras sociais, colégios e periferias.

Convido você, meu irmão e minha irmã, com a intercessão de nosso patrono São José, nosso pai fundador São Leonardo Murialdo e todos os nossos santos padroeiros, a rezar por todas as vocações na Igreja e pelas vocações da Família de Murialdo, para que o Senhor envie homens e mulheres comprometidos com a vocação batismal e com a missão evangelizadora da Igreja. Com a Virgem Maria, Mãe das Vocações, caminhemos de forma sinodal na animação e cultivo das vocações, como peregrinos da esperança.

No carisma e na fraternidade que nos une,